domingo, 30 de maio de 2010

Dumdum Cerere



Vou registrar aqui uma "história de assombração" que ouvi ontem. =)

"Era uma vez, em uma cidade pequenininha, tinha uma casinha pequenininha onde moravam
duas pessoas, uma mulher com sua filha. Mas sua filha não tinha nome por que naquele tempo
crianças malcriadas não recebiam nomes. E aquela menina...era bem malcriada!
Se a mãe dizia pra ela colocar os sapatos, ela andava descalça, se pedia pra varrer a casa, ela jogava o lixo no chão, pedia pra passear com o cachorro e ela deixava o pobrezinho preso,enfim, fazia tudo ao contrário do que lhe pediam, só pra fazer má-criação.
Até que um dia de sexta feira de lua cheia sua mãe lhe disse:
_Filha, hoje é sexta feira com lua cheia, não saia na rua a noite por que o Dumdum cerere pode aparecer.
A filha logo ficou ansiosa para que a noite chegasse, é claro que ela iria sair, só pra desobedecer a mãe.
Foi pra escola, estudou, lanchou brincou, olhou no relógio: 11h a.m. A hora não passava!!
Ela almoçou, ajudou a mãe, fez o dever: 15h
A menina então resolveu dormir para o tempo passar mais rápido.
Acordou era 19h, ha desta vez ela ficou feliz!
Se arrumou, tomou banho e saiu por volta das 20h.
Aproveitou que sua mãe estava fazendo tricô e adormeceu para sair devagarinho...devagarzinho....
Foi pra rua. Conversou com o pipoqueiro, com o primo da vizinha, o amigo do filho do sorveteiro...até que as pessoas começaram a ir pra suas casas...
A menina foi atrás de alguns vaga-lumes, e distraída acabou parando no meio de uma encruzilhada. Encruzilhada e no meio dela tinha uma bananeira. A menina que ja estava com muita fome resolveu comer umas bananas.Quando desceu do pé de bananeira...ela começou a ouvir um som assim "dumdum cerere dumdum cerere..." e o som foi aumentando DUMDUM CERERE DUMDUM CERERE DUMDUM CERERE.
A menininha que já estava morrendo de medo tremendo com as mãozinhas no rosto sentiu um bafo quente em seu pescoço...
_Aiiiiii meu Deus, ai o que é isso atrás de mim?
Mas a menina atrevida que era resolveu olhar pra tráz...quando ela olhou sabe o que ela viu??
Os dentes do dumdum cerere!!! O dumdum é amis feio que o bicho hudo!
Você não conhece o bicho hudo??
Ele é barrigudo, orelhudo, pezudo, peludo, olhudo, narigudo, bigodudo, todo hudo!
E o dumdum era mais feio!!
_EU VOU TE COMER!!!!!
Disse o bicho.
_O seu dumdum o senhor ta com muita fome é?
_MUITA FOME!
_Então vamos na minha casa, que minha mãe fez uma broa de fubá maravilhosa! Vai me dizer que não gosta de broa de fubá?
_Eu gosto!!
_Então vamos lá, você come a broa, se ainda estiver com fome ai você me come!
_Tudo bem então.
É claro que aquele era um plano da menina que além de levada era esperta! Quando ela entrasse para pegar a broa, ela trancaria a porta e deixaria o bicho la fora.
Chegando em sua casa ela cantou:

_MINHA MÃE, MINHA MÃEZINHA - DUMDUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUMDUM CERERÊ
ACUDIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUMDUM CERERÊ
A Mãe quando viu a filha ficou feliz, mas quando viu aquele bicho ENORME atrás dela cantou assim:

_MINHA FILHA, MINHA FILHINHA - DUMDUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUMDUM CERERÊ
EU BEM TE DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUMDUM CERERÊ

_EU VOU TE COMER!!!!!! (Gritou o bicho)
_Ca-calma seu dumdum...o-olha na casa da minha madrinha tem uma fornada de pão de queijo...Vai me dizer que não gosta de pão de queijo?
_Eu goosto.
_Então, nós vamos lá, você come tudo, se ainda estiver com fome, você me come.
_Ta bem, então vamos!
Chegando lá a menina começou a cantar, bem alto porque a madrinha dela era surda:

MINHA MADRINHA, MINHA MADRINHA - DUMDUM CERERÊ
ME ABRE A PORTA - DUMDUM CERERÊ
QUE UM BICHO TAMANHO - DUMDUM CERERÊ
QUÊ ME COMER - DUMDUM CERERÊ

A madrinha quando viu a afilhada, ficou feliz, mas quando viu aquele bicho horrivel cantou assim:

MINHA AFILHADA, AFILHADA - DUMDUM CERERÊ
NÃO ABRO A PORTA - DUMDUM CERERÊ
SUA MÃE TE DIZIA - DUMDUM CERERÊ
QUE O BICHO TE COMIA - DUMDUM CERERÊ
_EU VOU TE COMER!!!!!

_Pe-pe-pera ai seu dumdum...minha avó fez um pudim de leite....vai me dizer que não gosta de pudim de leite?
_Gosto...
_Então, você come o pudim, se ainda estiver com fome, você me come.
_Ok.
Chegaram na casa da avó a menina cantou bem baixinho, porque a avó dela era surda ao contrário, só ouvia se fosse beem baixinho...

_MINHA VÓ, MINHA VOZINHA - DUMDUM CERERÊ
DO MEU CORAÇÃO - DUMDUM CERERÊ
ACUDIME DEPRESSA
QUE O BICHO PONDÊ
QUER ME COMER - DUMDUM CERERÊ

Mas a avó não estava em casa...e não tinha nem avó, nem mãe, nem madrinha pra salvar a menina.
O dumdum cerere pegou a menina levou pra esquina e quando abriu aquele bocão, com aqueles dentes enormes e verdes...ele olhou pra um lado, olhou pro outro e resolveu não come-la ali porque tinha muita gente....
Levou-a então pra aquela mesma encruzilhada, a mesma onde ele apareceu.
Mas quando ele estava prestes a devorar a menina, eles começaram a ouvir um barulho assim: XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM e o barulho foi ficando cada vez mais forte.
O dumdum cerere resolveu ver o que era, amarrou a menina na bananeira e saiu.
De repente a menina começou a ouvir: "SOCOROO, AIIII SAI PRA LA!!" Eram os gritos do dumdum.
Silêncio...
A menina estava la tremendo igual vara verde quando sentiu uma mão fria em seu ombro.
_Aiiiii meu deus outro bicho! se ele pegou o dumdum cerere imagina o que não vai fazer comigo?
quando ela olhou pra trás adivinha quem era?
Sua mãe!
Ela havia fervido um caldeirão cheio de óleo e foi arrastando pela estrada ate achar o bicho, por isso o barulho XXXXXXXiiiiiiiiiiiiiii , HUM-HUM-HUM-HUM.
A menina ficou muito feliz e desde esse dia ela nunca mais foi desobediente, e ganhou até um nome: Maria Carolina.
E todos viveram felizes para sempre!






sábado, 8 de maio de 2010

"Esse Cara"

Extraído do Disco Drama 3°Ato - 1973, o texto antecede a música "Esse Cara" de Caetano Veloso, perfeitamente interpretado por Maria Bethânia!

Mora comigo na minha casa
Um rapaz que eu amo
Aquilo que ele não me diz porque não sabe
Vai me dizendo com o seu corpo
Que dança pra mim
Ele me adora e eu vejo através de seus olhos
O menino que aperta o gatilho do coração
Sem saber o nome do que pratica
Ele me adora e eu gratifico
Só com olhos que eu vejo
Corto todas as cebolas da casa
Arrasto os móveis, incenso
Ele tem um medo de dizer que me ama
E me aperta a mão
E me chama de amiga.

Texto de Luiz Carlos Lacerda