Um aprendiz procura o velho mestre em um momento de terrível tempestade interior.
Vivia em constante busca do bem, mas, por vezes sem conta, se surpreendia com pensamentos terríveis, anseios que julgava inconfessáveis, mas que o ancião compreendia muito bem quais poderiam ser.
O jovem questionava o mestre se não lhe seria possível viver a mensagem que ambos abraçavam.
O velho amoroso e dedicado aos seus filhos pela alma lhe disse:“Imagina que és possuidor de um vaso de rara porcelana, ornado com as mais preciosas gemas do reino que nos acolhe. Pois bem, considera que, pelo teu desleixo, pelo teu relaxamento, esse vaso foi esquecido em uma estrebaria, passando a ser usado para o transporte dos excrementos dos animais que lá se abrigavam. Um dia, despertas em consciência, e resolves que o vaso merece melhor tratamento, pois é uma obra de arte de grande valor. Além disso, merece melhor uso e desejas guardar mel ou a mais pura água de tua casa. Vais à estrebaria e resgatas o vaso, mas não podes depor o mel ou a água sobre ele. São necessários os teus esforços por alguns dias, para que, usando muita água, sabão e desinfetantes, possas remover todas as sujidades e o mau cheiro que impregnavam o vaso. Somente depois destes esforços terás conseguido recuperar o teu vaso precioso para o uso nobre a que se destina.”
O jovem parecia não entender ainda, mas o mestre prosseguiu:“Teu vaso nobre é a tua mente, que esqueceste entregue aos pensamentos-excrementos e aos desejos vis. Agora que te propões recuperá-la para o uso nobre a que se destina, deverás usar o sabão e o desinfetante das ações nobres e a água dos bons pensamentos, em abundância e com perseverança, até que tudo esteja limpo, até que o mau cheiro e as manchas sejam removidos. Não esmoreças filho, se desejas o bem, serás capaz de consegui-lo.”O jovem afastou-se agradecido e com forças renovadas para a sua luta redentora.
(In: Parábolas de Boa Noite - 56)
Um comentário:
Nossa, amiga, lindo o texto! Muito bom mesmo!
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