“Quando você pensa que sabe finalmente todas
(ou quase todas) as respostas vêm a vida e muda todas as perguntas”.
O coração é um bicho esquisito, não consegue ficar
sossegado.
Quando finalmente ele está assim, calmo,
estabilizado, vem um terremoto de sensações bagunçando sua tranquila harmonia.
Uma explosão de toques, cheiros e tons toma conta e
então, não há espaço para a razão (por mais que chegue com seu dedo em riste
dizendo “não”!), o coração, este menino travesso, escapa entre os dedos e a
partir de então, já era, você está preso neste sentimento estranho que não tem
portas, celas ou cadeado.
A saudade passa a dividir o mesmo travesseiro, as
lembranças começam a iluminar seu espírito e o menor toque ou entrelaçar de
dedos faz o estômago congelar, os pelos arrepiarem e vem a vontade que,
como dizia o poeta “não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito
enquanto dure”.
Mas e quando estas chamas possuem intensidades e
tamanhos distintos? Quando o encontro dos dois é quase impossível?
Neste caso, a eminência de sofrimento é forte, vem
o medo de sofrer, de magoar a quem se gosta.
Medo.
Um sentimento cruel corrói a alma, algema atitudes,
falas e gestos, e com isso, oportunidades escapam por entre os dedos. Momentos
deixam de ser vividos e sentidos.
Seres humanos “não tem ossos de vidro, podem
suportar os baques da vida”*1, mas se permitem que o medo os domine, “seu coração
ficará seco e quebradiço”*2, sem vida, sem calor.
Nada é eterno. Tudo o que é material, um dia
termina. Exceto os momentos, este, são eternos, ficarão para sempre guardados
na memória e nos sentimentos.
E os sentimentos, este nunca morrem, apenas se
transformam positivamente ou negativamente.
Deixar de experimentar sensações diferentes por
medo do sofrimento, da solidão ou mesmo dos olhares hipócritas ou padrões
sociais que insistem em moldar pessoas ao seu bel prazer é tolice.
Cada um é único, tem suas particularidades, escritor e detentor da própria
história. .
Ter medo de arriscar com medo de se machucar, é
o mesmo que ter medo de viver, já que um dia todos vamos
morrer. Andréia M.M.Lopes
*1;*2- referente ao filme O Fabuloso destino de Amelie Poulain