quarta-feira, 28 de novembro de 2012

De todas as maneiras -Chico Buarque




De todas as maneiras que há de amar

Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

domingo, 4 de novembro de 2012

Som




   Em uma fria noite de inverno, caminhava pela minha rua distraidamente.
O asfalto molhado devido à chuva fina e leve que caia e molhava meus
passos.  Paro em frente a um edifício não muito alto e o observo.
   Todas as janelas fechadas, escuras, apenas uma estava aberta e iluminada.
Mas como era no segundo andar, não dava pra ver muita coisa, apenas uma luz amarela que beijava as paredes e o teto, e um quadro que parecia conter uma paisagem.
   De repente uma voz de homem começou a cantar, acompanhada de um violão.
Parei pra ouvir.
   Sua voz era grave, um pouco rouca, bonita. Ele parecia cantar com a alma.
   Fiquei parada, ali diante da janela, do outro lado da rua ouvindo a voz do homem misterioso. Tentei mudar de posição várias vezes, na inútil tentativa de ver ao menos um traço, os cabelos do dono desta voz que tanto me encantou.
   Em vão.
   Quando ele parou de tocar, fiquei imaginando como seria... Quanto ano deveria ter, qual será a cor de seus olhos?
   Penso que deve ser mais velho, já que sua voz era carregada de experiências.
   Virei-me e segui meu caminho, sorrindo, sonhando, imaginando como seria este homem, que agora tornou-se meu, segurando seu violão com mãos fortes e tocando melodias delicadas na minha fantasia.

Andréia M.M.Lopes