sexta-feira, 19 de junho de 2009

Terremoto furacão


Vale a pena ler ^^






Quando João olhou pra Maria
e a Maria olhou pro João,
aconteceu uma coisa esquisita:
O dia virando noite,
a noite virando dia,
açúcar virando sal,
Terremoto furacão
Só que o João não sabia
e a Maria também não
que coisa esquisita era essa:
o mundo parando inteiro
e a terra com cheiro
de lua e de sol.
João ofereceu o que tinha:
figurinha, prego,
pedaço de espelho,

Conta de menos e de mais:

1+1=3 3-2=5 2+3=5
Misturando as coisas todas,
como se dentro dele
tivesse nascido um rio,
tivesse nascido um livro,
tivesse nascido um poço.

Que coisa esquisita era essa,

que dava medo,que dava frio,
o susto virando coragem,

segunda feira virando domingo?

A Maria também queria
oferecer o mundo todo.

Então catava no bolso

fio de linha,
miolo de pão,

medo do escuro,
pedaço de flor.

E ia lembrando devagarinho

de tudo que é poesia(...)

Sem saber que poesia

era o desejo de ir
pela vida
levando João pela mão.
Nesse tempo que eles se olhavam
-era um tempo grande e pequeno-
tanta coisa aconteceu,
os dois entenderam tudo:
Que amor é assim,
feito doce na boca

feito chuva no rosto,

o coração derretido.

Então combinaram tanta viagem,
quando um dia eles fossem grandes,
atravessando florestas,
andando de barulho de trem,
caçando ilha, caçando nuvem,
tesouros no fundo do mar.
Combinaram de pisar no mundo
de um jeito bem delicado,
como se tocassem
flores
ou asas de um pássaro.
E desinventar o que existe de ruim
na face do planeta,
eles juraram um segredo.
E também de se gostar desse jeito,
pra sempre, eternamente,
até quando fossem velhinhos,

os netos enchendo a casa,

com o sino das risadas.

E depois de tanta ousadia
João e Maria saíram correndo.
(Roseana Murray)


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