Cap. IV – O Final
O tempo passava e a saudade era imensa!
A dor da distancia e da indiferença dilacerava-lhe o peito de tal forma que sua alma sangrava mortalmente.
Os dias eram difíceis, o mundo estava triste, havia perdido todo o brilho, toda a cor. E como se não bastasse, a morte ceifara a vida de dois entes queridos os quais ela tanto amava. Era inverno em seu coração, um inverno frio, cortante, sombrio.
Mas o tempo passou, e com ele um novo ano se levantou e com ele seu aniversário, data em que o conheceu que sentiu pela primeira vez o amor florescendo em seu peito e perfumando-lhe a alma.
Resolveu então mandar-lhe um telegrama, afinal, passaram-se duas primaveras desde o baile em que se conheceram.
Qual não foi sua surpresa a resposta foi imediata. Não demorou e o pombo-correio chegara com a seguinte mensagem: “Ainda não te esqueci.”. Seu coração aqueceu-se novamente, de forma que a muito não sentia e um sorriso iluminou sua face e viu diante dos seus olhos a esperança renascer.
Os meses se passaram e ela percebeu que na verdade nada havia mudado, tudo voltara a ser como antes. Inconformada mergulhou em uma profunda angustia que transbordava em seu coração.
O gosto amargo da saudade e do arrependimento inundava-lhe a boca.
Os rapazes de seu reino, por mais interessantes e atraentes que fossem não despertavam-lhe o interesse. Estava presa, seus pensamentos, corpo e alma eram dele.
Como se não bastasse, as coisas em seu reino iam de mal a pior. Tudo estava confuso, ela não sabia o que fazer em quem confiar. A traição e a mentira rondavam seu castelo como um urubu esperando que sua presa morra para devorar suas vísceras.
Por muitas vezes desejou que a morte viesse lhe dar o beijo fatal, mas a morte não vinha.
Certa tarde resolveu visitar uma velha feiticeira que vivia em seu reino. Era uma mulher poderosa, conseguia ver o presente passado e futuro, criava poções encantadas e desfazia feitiços. Mas não era uma bruxa má, como essas dos contos de fadas.
A feiticeira viu toda sua vida de forma tão cristalina como as águas do mar, deu-lhe conselhos valiosos e confirmou o que seu coração sabia todo o tempo: precisava esquecê-lo e seguir com sua vida.
De fato, ela sabia, sempre soube que este seria um conto com começo meio e fim. Ela sabia que não seriam felizes para sempre.
Ela sabia que a muito ele já não a amava, mas também tinha certeza de que jamais iria esquecê-la, assim como ele viverá pra sempre em sua lembrança.
Depois deste dia, como um encantamento toda angustia que sentia passou, e a névoa que cobria sua alma foi se esvaindo aos poucos até desaparecer completamente.
Finalmente conseguia ver o sol e sentir o perfume da vida novamente. Estava livre, seu coração estava leve.
E hoje lembrando-se dele, não tem arrependimento, mágoa ou culpa, pois guarda em si uma das histórias mais lindas que viveu e tem a certeza que o que tinha de ser se deu.
Porque era ela, porque era ele.
FIM
Andréia M.M.Lopes