terça-feira, 6 de dezembro de 2011

E em meio a escuridão, o frio...você me abraça,
acendendo a chama outrora apagada dentro do meu peito,
aquecendo minha alma.
Temo que ela se apague.
Não quero deixa-lo agora.
Se meu amor vai crescer, eu não sei...
Fique por perto e verá ele se revelando,
devagar, suave, como a flor que desabrocha no fim do inverno.
                                         Andréia Martins.M.Lopes
















"If I fell in love with you,
Would you promise to be true
And help me understand?

'Cause I've been in love before
And I found that love was more
Than just holdin' hands.

If I give my heart
To you,
I must be sure
From the very start
That you
Would love me more than her.

If I trust in you
Oh, please,
Don't run and hide.
If I love you too
Oh, please,
Don't hurt my pride like her

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain.

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two

'Cause I couldn't stand the pain
And I
Would be sad if our new love
Was in vain.

So I hope you see
That I
Would love to love you
And that she
Will cry
When she learns we are two.
If I fell in love with you."
                      (If I Fell - The Beatles)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"O Livro do Cemitério"

" (...) _Pode ver flores?
_Flores? No inverno?
_Não me olhe com essa cara, jovenzinho -disse ela.-
As coisas florescem no tempo devido. Elas brotam e dão botões, florescem e desaparecem. Tudo em sua hora. " (p.160)


"(...) _Os mortos não o decepcionam. Eles tiveram sua vida, fizeram o que fizeram. Nós não mudamos. Os vivos, eles sempre o decepcionam, não é? Você conhece um menino que é todo coragem e nobreza, e ele cresce e foge." (p.212/213)


"Se nada ousar quando o dia terminar, não terá conquistado nada." (p.250)


"Mas entre agora e então havia a Vida; e Nim caminhou para ela com os olhos e o coração bem abertos." (p.329)


GAIMAN, Neil. O livro do Cemitério.Ryta Vinagre. Rio de Janeiro: Rocco Ltda,2008 


Desenho baseado na ilustração do Livro do Cemitério, p.114

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Poison


"I wanna love you, but I better not touch (don't touch)
I wanna hold you, but my senses tell me to stop
I wanna kiss you, but I want it too much (too much)
I wanna taste you but your lips are venomous poison.
You're poison running through my veins,
You're poison...
I don't wanna break these chains.

Your mouth so hot
your web, I'm caught
your skin, so wet
black lace, on sweat"



sábado, 6 de agosto de 2011

"Minha alma está cansada de minha Vida"

"Tudo me cansa, mesmo o que não me cansa (...)"

"Os meus sonhos são um refúgio estúpido, como um guarda chuva contra um raio."

"Mesmo eu, o que sonha tanto, tenho intervalos em que o sonho em foge. Então as coisas aparecem-me nítidas. Esvai-se a névoa de quem me cerco. E todas as arestas visíveis ferem a carne da minha alma. Todas as durezas olhadas me magoam o conhêce-las durezas. Todos os pesos visíveis de objectos me pesam por alma dentro."

Do livro do Desassossego - Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)

domingo, 31 de julho de 2011

um pequeno conto

Está vendo aquela moça com olhar triste e perdido?
Seus lábios estão cerrados, respira leve e suavemente, mas vez ou outra inspira profundamente como se o ar perfurasse seus pulmões e atingisse sua alma...
Seus olhos que outrora emitiam um brilho intenso, hoje  são vazios, opacos...
Sua boca que antes emitia as mais belas canções, hoje não diz mais que palavras.
A moça, que antes tinha o andar leve, seus pés mal tocava o chão... Hoje carrega em si um peso enorme dentro do peito, como se seu coração estivesse submerso em lágrimas q não secaram.
Perdeu-se de si.
Na verdade, ela não é mais dela, mas sim dos que a amam.
Não vive pra ela, mas para os que precisam dela, se não fossem essas pessoas, qual motivo teria para continuar vivendo?
Carrega em si muitas cicatrizes... Momentos felizes, tristes, dolorosos...
Muitas pessoas passaram por sua vida, e muitas foram embora deixando um vazio em seu peito.
Por isso ela cuida das mais importantes como se fossem cristais, que podem partir a qualquer momento. Muitas vezes abre mão da sua felicidade para fazê-las felizes.
Esta moça é diferente, e, portanto muitos não a compreendem, mas isso nunca a incomodou.
Agora a moça está sem chão, cansada.
Algumas vezes sente que sua vida será curta, que não chegará a ver seus netos. Não se assusta com isso, mas às vezes sente medo e ora pensa que talvez seja melhor assim, ora gostaria que não fosse verdade.
Mas a resposta a moça não tem.
Tenta fortalecer-se, sobreviver sozinha mas é difícil...
Por enquanto só lhe resta seu olhar e um grão de esperança que se apaga um pouco mais, dia após dia...
uma lágrima rola em sua face posando suavemente sobre seus lábios e ela respira mais uma vez.


Andréia M.M.Lopes

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Coragem para viver

“Quando você pensa que sabe finalmente todas  (ou quase todas) as respostas vêm a vida e muda todas as perguntas”.

O coração é um bicho esquisito, não consegue ficar sossegado.
Quando finalmente ele está assim, calmo, estabilizado, vem um terremoto de sensações bagunçando sua tranquila harmonia.
Uma explosão de toques, cheiros e tons toma conta e então, não há espaço para a razão (por mais que chegue com seu dedo em riste dizendo “não”!), o coração, este menino travesso, escapa entre os dedos e a partir de então, já era, você está preso neste sentimento estranho que não tem portas, celas ou cadeado.
A saudade passa a dividir o mesmo travesseiro, as lembranças começam a iluminar seu espírito e o menor toque ou entrelaçar de dedos faz o estômago congelar, os pelos arrepiarem e vem a vontade  que, como dizia o poeta “não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.
Mas e quando estas chamas possuem intensidades e tamanhos distintos? Quando o encontro dos dois é quase impossível?
Neste caso, a eminência de sofrimento é forte, vem o medo de sofrer, de magoar a quem se gosta.
Medo.
Um sentimento cruel corrói a alma, algema atitudes, falas e gestos, e com isso, oportunidades escapam por entre os dedos. Momentos deixam de ser vividos e sentidos.
Seres humanos “não tem ossos de vidro, podem suportar os baques da vida”*1, mas se permitem que o medo os domine, “seu coração ficará seco e quebradiço”*2, sem vida, sem calor.
Nada  é eterno. Tudo o que é material, um dia termina. Exceto os momentos, este, são eternos, ficarão para sempre guardados na memória e nos sentimentos.
E os sentimentos, este nunca morrem, apenas se transformam positivamente ou negativamente.
Deixar de experimentar sensações diferentes por medo do sofrimento, da solidão ou mesmo dos olhares hipócritas ou padrões sociais que insistem em  moldar pessoas ao seu bel prazer  é tolice. Cada um é único, tem suas particularidades, escritor e detentor da própria história.    .
Ter medo de arriscar com medo de se machucar, é o mesmo que ter medo de viver, já que um dia todos vamos morrer.                           

Andréia M.M.Lopes

*1;*2- referente ao filme O Fabuloso destino de Amelie Poulain


terça-feira, 14 de junho de 2011

Le fabuleux destin d'Amélie Poulain


(…)
Ela: Ao contrário, talvez ela tente arrumar a bagunça da vida dos outros.
Ele: E ela? E a bagunça na vida dela? Quem vai pôr em ordem?

domingo, 12 de junho de 2011

"Bem que volta a inocência Bem de ter carinho e delicadeza"

Para quem tem ou não tem namorado ^-^,"ponha um pouco de amor na sua vida" viva com mais leveza!


" (...) Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas (...)



(Artur da Távola - 
Ter Ou Não Ter Namorado)




quinta-feira, 26 de maio de 2011

Felicidade, simplicidade


Dias felizes são aqueles que você ri de qualquer bobagem
E passa o dia assim, bobo
Sorrindo com os Olhos e com a Boca!
                                                      Andréia Martins.M.Lopes


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Um conto de fadas que aconteceu.



Capítulo I

Foi assim...
A noite estava clara, quando eles se viram pela primeira vez. Seus trajes não eram os habituais, estavam vestidos de fantasias e surpresas.
E quando seus olhos se encontraram, eles sabiam que a magia ali presente os havia enfeitiçado e que alguma coisa iria acontecer àquela noite.
Mas se você pensa que foi como em um conto de fadas, que o príncipe dançou uma valsa ao luar com a princesa e depois se beijaram e foram felizes para sempre se enganou. Essa história não é um conto de fadas, mas um conto real!
Continuando... E os dois seguiram para a festa, não foi em uma carruagem, ou dentro de uma abóbora, mas em um carro comum e junto com outras pessoas foram para a grande festa!
Todos os seres estavam reunidos, tinha gente e coisa de tudo que era jeito: grande, pequeno, gordo, magro, colorido, misterioso, extravagante, chato, legal, bonito e feio.
A festa estava armada! Comida, bebida, flash’s e alegria!
A música começou, mas não era valsa, mas música alegre, animada, bem diferente desses contos melosos de fada!
E eles beberam, dançaram, pularam até não agüentar. Dois estranhos que se conheciam há anos.
Não ficavam longe um do outro um minuto sequer, e quando acontecia, ele a procurava por todos os lados, e ela sem que ele percebesse fazia o mesmo.
E foi em meio a toda essa empolgação, algo inesperadamente esperado aconteceu: eles se beijaram. Apesar da garota não ser princesa e ele plebeu, ou camponesa e rei a diferença entre os dois era grande, mas apesar desse abismo eram como peças de quebra-cabeças que se encaixavam perfeitamente, sem faltar nem sobrar.
Depois disso, a festa ganhou mais vida, mais cor, mais alegria! Pelo menos para os dois.
Permaneceram assim durante todo o tempo, nem no momento em que inimigos se cruzaram gerando uma pequena batalha eles não se separaram, pelo contrario, ele se colocou a frente dela para protegê-la e ela sorriu diante da valentia do jovem rapaz.
E você caro leitor deve estar pensando que a história esta no fim e terminará com um sonoro "E viveram felizes para sempre" certo?
Lembre-se que este é um conto real e por ser real, tudo pode acontecer. Não existe final, apenas recomeço.
Pois bem, como tudo o que é doce termina, a festa também terminou. Cada qual voltou para seu reino, castelo, casebre ou caverna. Eles também.
Cada um foi para o seu lado, na esperança de um dia poderem reencontrar-se novamente.
Depois da festa encantada, passou-se muito tempo... (tempo pequeno para alguns, mas uma eternidade pra eles). Apesar de manterem contato através do espelho encantado a saudade aumentava a cada dia...
O caminho que os separa é em meio a uma selva de pedras, com monstros devoradores de cabeças, mais de 40 ladrões, assassinos, e um dragão terrível chamado capitalismo, dificultando ainda mais a passagem entre os dois reinos.
Enquanto isso fica a espera(ança) até se encontrarem de novo e continuar este conto fantástico da vida real.

Um conto de fadas que aconteceu. Parte II

Capítulo II

E o tempo passava... Passava devagar como quem caminha em uma praia deserta, observando os movimentos ritmados das ondas do mar...
A saudade dos dois era imensa, tão grande que mal cabia no peito. Mas à distância e as dificuldades para que pudessem se ver eram muito grandes. Era quase impossível o reencontro... Quase...
Pois em uma bela manhã, as borboletas levaram uma linda mensagem para ela: “estou chegando!”.
Seu coração transbordou de tanta felicidade! Finalmente iria revê-lo.
 Sob o sol da tarde de primavera que seus corações se abraçaram e se beijaram novamente. Um beijo doce, quente, suave, um beijo com sabor de saudades, com gosto de reencontro, com cheiro de carinho.
Foi difícil, mas ele conseguiu vencer os obstáculos e finalmente pode se ver nos olhos dela novamente.
Eles deram as mãos e saíram pela cidade com as faces iluminadas de tanta alegria como um sonho que se tornou realidade.
Foram dias intensos e noites maravilhosas, regadas a carícias, beijos, sorrisos, brincadeiras, desejo, ternura, olhar.
Foram poucos dias, mas para eles parece que foi uma eternidade, pois desfrutavam de cada minuto como se fosse o último.
Você querido leitor, deve estar se perguntando: “serão amigos? Namorados? Amantes?” Não tente entender, rotular ou definir, pois você nunca irá conseguir. É algo mágico que foge das definições dos dicionários e as regras da sociedade.
Sentimento não se explica apenas se sente. É algo bonito que foi construído pouco a pouco, como uma semente que germina no inverno e desabrocha na primavera.
O laço entre os dois foi tão forte, tão intenso, que um dia seus corpos se fundiram em apenas um. Suas almas se tocaram só ouvia a música que emanava de seus corações e eles finalmente se entregaram a este sentimento, este desejo que a muito ficou guardado. Eles nunca haviam se entregado dessa forma, de corpo e alma pra ninguém. Tudo era novo, estranho e bonito.
Ele a olhou nos olhos e disse: “eu gosto de você”. Ela sentiu como se aquelas palavras doces, acariciassem seus cabelos e tocasse seus lábios suavemente... Ela sorriu e disse que sentia o mesmo, seus olhos transmitiam verdade, toda a verdade que guardava em seu coração.
O amor começava a germinar, mostrando suas primeiras faíscas, aquecendo suas vidas que nunca mais seriam as mesmas.
Mas infelizmente todo sonho um dia termina, e eles tiveram que se separar novamente... Ele voltou para seu reino e ela ficou.
Mas desta vez, apesar de longe eles estão mais perto do que nunca. Pois agora ele tem um pouco dela e ela um pouco dele. Agora eles têm certeza que o que eles têm é de verdade e a certeza de que vão se encontrar novamente. E uma promessa: independente do que aconteça, mesmo que algum dia eles não se vejam mais, ou seus caminhos tomem rumos diferentes, eles nunca deixaram de se falar, pois o amor uma vez construído é eterno esteja ele onde estiver.

Continua...

Um conto de fadas que aconteceu. Parte III

Capítulo III

E assim a vida dos dois seguia... Cada um em sua respectiva selva de pedras, com seus trabalhos, estudos e compromissos.
E a saudade apertava a cada dia que passava. Não havia um só dia que ela não pensasse nele, e ele nela. Estavam distantes, mas unidos pelo pensamento.
Tudo corria bem, ele mergulhado em seus estudos e projetos e ela trabalhando em suas pesquisas e buscando um trabalho que lhe dê sustento e prazer, pois as coisas no seu reino andavam muito difíceis.
Eles se falavam quase todos os dias, mandavam mensagens por mensageiros ou se viam pelo espelho encantado.
Mas algo de diferente começou a acontecer...
Eles não se falavam mais como antes, algo estava mudado, ela o sentia distante.
Não sentia seus corações conectados como antes, e isso a entristecia muito, pois sentia que depois de cinco primaveras, estava sentindo o amor brotar sem eu coração, e de uma forma que nunca imaginava que aconteceria novamente...
O que estaria acontecendo?
Ela passava por um momento muito delicado em sua vida, seu coração estava imerso na mais completa escuridão. Sua vida tinha o cheiro e o gosto da saudade. Seu cheiro é doce, assim como as lembranças dele que levava em seus olhos e em seu coração para todos os lugares que ia. Recordava dos momentos felizes que passaram juntos desde o primeiro dia que se viram antes de tudo isso acontecer sentia paz...
Mas ao mesmo tempo tinha um gosto amargo. A ausência do olhar, da sua voz, da sua pele, do seu cheiro, do abraço... Esta falta às vezes chegava a lhe cortar a alma, doía o coração. Ela queria beijá-lo, abraçá-lo, olhar em seus olhos e dizer o quanto o ama, pois algo diz em seu coração que ele não tem idéia do quanto o sentimento dela em relação a ele é grande, e o quanto é importante em sua vida. Mas o abismo entre os dois não permitia. Apenas ele possuía a chave para o reino dela. Mas ela não tinha este privilégio. Triste, ela abre seu diário pessoal e traduz para as páginas brancas o que passa em seu coração:


“Por que dói tanto a espera...
a saudade tem um cheiro doce, mas seu gosto é amargo como fel
Acho que não tem nada pior do que estar longe de quem se ama
A alma esvazia, o coração fica no escuro e meu corpo é tomado por um frio que nem o sol pode aquecer.
À distância, a ausência é perturbadora.
Por mais que eu durma não consigo descansar.
Saudade de quem se ama...
Mas quem eu amo não posso ter ao meu lado, perto de mim
 Nossos corações estão conectado pra sempre em uma conexão mágica que só amor pode construir
E é desse amor e das doces lembranças que sigo minha vida, que me da forças para continuar.
E a suave certeza de que nos reencontraremos um dia, e em fim poderei ouvir de novo o som de sua respiração, e a melodia do seu coração.”
Agora só lhe restava à espera que tanto lhe angustiava. Mas pior que a distância geográfica, era a distancia que ela sentia que seus corações estavam tomando. Estaria certa ou enganada? Seu pressentimento estava certo?
Perguntas que lhe atormentava o sono... Queria acreditar que estava enganada, que era apenas uma cruel impressão.
Mas somente o tempo dará as respostas que espera.

Um conto de fadas que aconteceu. Final

Cap. IV – O Final

O tempo passava e a saudade era imensa!
A dor da distancia e da indiferença dilacerava-lhe o peito de tal forma que sua alma sangrava mortalmente.
Os dias eram difíceis, o mundo estava triste, havia perdido todo o brilho, toda a cor. E como se não bastasse, a morte ceifara a vida de dois entes queridos os quais ela tanto amava. Era inverno em seu coração, um inverno frio, cortante, sombrio.
Mas o tempo passou, e com ele um novo ano se levantou e com ele seu aniversário, data em que o conheceu que sentiu pela primeira vez o amor florescendo em seu peito e perfumando-lhe a alma.
Resolveu então mandar-lhe um telegrama, afinal, passaram-se duas primaveras desde o baile em que se conheceram.
Qual não foi sua surpresa a resposta foi imediata. Não demorou e o pombo-correio chegara com a seguinte mensagem: “Ainda não te esqueci.”. Seu coração aqueceu-se novamente, de forma que a muito não sentia e um sorriso iluminou sua face e viu diante dos seus olhos a esperança renascer.
Os meses se passaram e ela percebeu que na verdade nada havia mudado, tudo voltara a ser como antes. Inconformada mergulhou em uma profunda angustia que transbordava em seu coração.
O gosto amargo da saudade e do arrependimento inundava-lhe a boca.
Os rapazes de seu reino, por mais interessantes e atraentes que fossem não despertavam-lhe o interesse. Estava presa, seus pensamentos, corpo e alma eram dele.
Como se não bastasse, as coisas em seu reino iam de mal a pior. Tudo estava confuso, ela não sabia o que fazer em quem confiar. A traição e a mentira rondavam seu castelo como um urubu esperando que sua presa morra para devorar suas vísceras.
Por muitas vezes desejou que a morte viesse lhe dar o beijo fatal, mas a morte não vinha.
Certa tarde resolveu visitar uma velha feiticeira que vivia em seu reino. Era uma mulher poderosa, conseguia ver o presente passado e futuro, criava poções encantadas e desfazia feitiços. Mas não era uma bruxa má, como essas dos contos de fadas.
A feiticeira viu toda sua vida de forma tão cristalina como as águas do mar, deu-lhe conselhos valiosos e confirmou o que seu coração sabia todo o tempo: precisava esquecê-lo e seguir com sua vida.
De fato, ela sabia, sempre soube que este seria um conto com começo meio e fim. Ela sabia que não seriam felizes para sempre.
Ela sabia que a muito ele já não a amava, mas também tinha certeza de que jamais iria esquecê-la, assim como ele viverá pra sempre em sua lembrança.
Depois deste dia, como um encantamento toda angustia que sentia passou, e a névoa que cobria sua alma foi se esvaindo aos poucos até desaparecer completamente.
Finalmente conseguia ver o sol e sentir o perfume da vida novamente. Estava livre, seu coração estava leve.
E hoje lembrando-se dele, não tem arrependimento, mágoa ou culpa, pois guarda em si uma das histórias mais lindas que viveu e tem a certeza que o que tinha de ser se deu.
Porque era ela, porque era ele.

FIM



Andréia M.M.Lopes

domingo, 17 de abril de 2011

Onde queres

Música de Caetano Veloso interpretada lindamente por Maria Bethãnia
Onde queres revólver, sou coqueiro
E onde queres dinheiro, sou paixão
Onde queres descanso, sou desejo
E onde sou só desejo, queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto, eu sou o chão
E onde pisas o chão, minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família, sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon, sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês, eu não vislumbro razão
Onde o queres o lobo, eu sou o irmão
E onde queres cowboy, eu sou chinês
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói
Eu queria querer-te amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e é de viés
E vê só que cilada o amor me armou
Eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! Bruta flor do querer
Ah! Bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock?n roll
Onde queres a lua, eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério, eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro, eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em ti é em mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
Bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente impessoal
E eu querendo querer-te sem ter fim
E, querendo-te, aprender o total
Do querer que há, e do que não há em mim

terça-feira, 15 de março de 2011

...



    "Então,minha querida Amélie você não tem ossos de vidro.Pode suportar os baques da vida.Se deixar passar essa chance então,
com o tempo seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto o meu esqueleto. Então, vá em frente,pelo amor de Deus."

"São tempos difíceis para os sonhadores"

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Primavera entre os dentes







Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa a contra-mola que resiste


Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade decepado
Entre os dentes segura a primavera


















Desenho feito no dia 11/02 com lápis HB e 6B












a

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

"Já desfeita em lágrimas"

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu"
"Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá..."
Sabe, gente.
É tanta coisa pra gente saber.
O que cantar, como andar, onde ir.
O que dizer, o que calar, a quem querer.
Sabe, gente.
É tanta coisa que eu fico sem jeito.
Sou eu sozinho e esse nó no peito.
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.
Sabe, gente.
Eu sei que no fundo o problema é só da gente.
E só do coração dizer não, quando a mente.
Tenta nos levar pra casa do sofrer.
E quando escutar um samba-canção.
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser."

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Roda Viva (Chico Buarque)

Descreve o que sinto neste momento...
"Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá..."
Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...
O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...